sexta-feira, 15 de maio de 2015

Ao impor MPs, governo permitiu que traidores virassem heróis. CUT

CUT aponta que medidas provisórias deveriam ser discutidas em um fórum com trabalhadores antes de chegar ao Congresso

Escrito por: Luiz Carvalho/CUT Nacional


A Câmara dos Deputados aprovou na noite da quarta-feira (13) o texto principal da Medida Provisória (MP) 664/14, que muda as regras e restringe o acesso à pensão por morte e auxílio-doença. O placar ficou em 277 parlamentares favoráveis e 178 contra e as emendas seguem em discussão. 

Ainda que o relatório do deputado Carlos Zarattini (PT-SP) tenha apresentado mudanças como a redução de dois para um ano e meio o tempo de contribuição para ter direito à pensão por morte e a manutenção do valor integral da aposentadoria, a CUT se manifestou contrária à medida.

“Primeiro, porque representa a retirada de direitos, da mesma forma que a MP 665, aprovada na semana anterior na mesma Câmara, e restringe o acesso a conquistas como o seguro-desemprego”, destacou o presidente nacional da Central, Vagner Freitas.

“Segundo, porque nada disso foi negociado conosco, tudo foi imposto e o constrangimento da base aliada poderia ser evitado se o governo retirasse as medidas e levasse a discussão sobre esses temas ao fórum que criamos e terá participação nossa, além do próprio governo e dos empresários”, disse o dirigente em referência ao Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho, Renda e Previdência Social, que terá início do mês de junho.
Vagner Freitas desafiou ainda a direita, que classificou como hipócrita, a defender os trabalhadores contra retrocessos profundos, como a terceirização que deve voltar à Câmara após passar pelo Senado.

“Beira o ridículo vermos figuras como o Arthur Maia, que trabalhou em defesa da precarização dos direitos, ter a coragem de questionar a CUT. Primeiro ele precisa explicar por que o partido dele e do Paulinho da Força tentaram enganar o trabalhador na discussão sobre o PL 4330, dizendo que algo nocivo à classe trabalhadora ampliava direitos”, criticou.

Fator Previdenciário - 
Também nesta quarta, a Câmara aprovou uma emenda que permite ao trabalhador escolher a regra 85/95 na hora de se aposentar, ao invés do fator previdenciário. Pela norma aprovada, a mulher poderá ter a aposentadoria integral quando a soma de idade após 30 anos de contribuição à Previdência for de 85, e o homem, de 95. No caso dos professores, haverá a diminuição de 10 anos nesse total. 
 
Lobos em pele de cordeiros

Tanto quanto o resultado da votação, as intervenções dos parlamentares antes da decisão sobre a medida provisória alçaram a Câmara a uma realidade curiosa.

Parlamentares como Alex Manente (PPS-SP) e Artur Maia (SDD-BA), que aprovaram o projeto de terceirização sem limites (Projeto de Lei 4330), responsável por rebaixar direitos e condições de trabalho, travestiram-se de defensores dos trabalhadores e questionaram a ausência da CUT nas galerias.

Ao plenário onde predominavam coletes laranja da central sindical que apoiou o PL da terceirização, apenas a direção nacional da CUT teve acesso, representada por Maria Faria (Secretária-Geral Adjunta), Rosane Silva (Mulheres), Graça Costa (Relações do Trabalho), Greg (adjunto de Formação), Maria Júlia (Combate ao Racismo), Eduardo Guterra (adjunto de Saúde) e pelos diretores executivos Daniel Gaio e Jandira Uehara

Ainda assim, os dirigentes só conseguiram entrar por conta de um habeas corpus concedido pela ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, e após muita pressão sobre a segurança.  

Durante a sessão, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi questionado por outro parlamentar sobre a restrição ao acesso à Casa e respondeu que a “Central Única dos Trabalhadores teve total liberdade" e que "autorizou a entrada de quem quisesse até o limite de 250 pessoas”.

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