Em audiência pública, Ana Júlia Ribeiro denunciou abusos que estão sendo cometidos contra o movimento dos estudantes secundaristas
Escrito por: Luciana Wlacawovsky
Para evitar os graves problemas que a medida poderá causar à classe trabalhadora e ao esfacelamento da saúde e educação pública, a Comissão de Direitos Humanos do Senado, presidido pela senadora Fátima bezerra (PT/RN), realizou na manha desta segunda-feira (31) audiência pública com enfoque nas perdas que a educação pública deverá sofrer. Caso a medida seja aprovada, o Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024 terá seu fim decretado imediatamente. Para o senador Lindbergh Faria, a pressão popular é a única forma de virar voto dentro do Senado, “tem que parar o país, pois essa PEC desmonta completamente o precário estado social brasileiro”, argumentou o parlamentar. Além dos senadores petistas, a audiência pública contou com a participação de entidades ligadas à área da educação e estudantes.
O senador apontou alternativas para combater a desigualdade que é o inverso do proposto pelo governo sem voto de Michel Temer (PMDB): aumento nos investimentos sociais. “No último período aumentamos de 13% para 17% o PIB em gastos sociais e é justamente aí que a PEC 241 ataca com o objetivo de destruir os avanços da última década”, explicou. Lindbergh ressaltou, ainda, que apesar da demonização da esquerda, entre os anos de 2006 e 2015 houve um salto de 130% nos investimentos em educação, “foram várias políticas públicas de ampliação de Universidades Federais, Institutos Federais, e escolas técnicas. É justamente isso que eles querem pegar! E a pancada maior vai ser toda em cima da educação pública”, enfatizou.
A atividade faz parte de um ciclo de debates que vem sendo promovido no Senado para esclarecer os perigos que a PEC representa ao país. Dentre os principais, a morte da participação social nos rumos do desenvolvimento no país foi apontado como uma arma para acabar de vez com a democracia brasileira.
Movimento estudantil secundarista
Aqueles que votarem contra a educação sairão com suas mão sujas por 20 anos! Com essa afirmação, a estudante paranaense Ana Júlia Ribeiro, de 16 anos, deixou o recado, mais uma vez, aos parlamentares que, sentados em seus gabinetes, aprovam e desaprovam leis que interferem na vida dos brasileiros. A adolescente que se tornou o rosto do movimento estudantil secundarista que ocupa mais de mil escolas pelo país, disse que qualquer alteração no ensino público precisa ser amplamente dialogada e debatida com a sociedade, com os estudantes e com os profissionais da área. “Tanto na minha trajetória estudantil quanto ontem visitando as escolas ocupadas em Brasília, eu percebi a precariedade do ensino público, da infra-estrutura das escolas, e como precisamos dar ênfase nisso para melhorar a educação”, observou.
A estudante veio a Brasília para denunciar agressões sofridas por movimentos contrários às ocupações nas escolas públicas, “infelizmente a repressão está sendo violenta”, alertou a secundarista. “Na calada da noite eles passam nas escolas tocando o hino nacional como se nós não respeitássemos o hino, usam táticas abusivas para falar de quem somos e não dos nossos ideais. Entendemos o direito que eles têm de serem contrário afinal ainda vivemos numa democracia e sabemos que é importante ter os dois lados”, lamentou. Ana Júlia destacou, ainda, que o movimento é contrário à qualquer atitude violenta e explica os principais motivos das ocupações: “estamos lá pacificamente, lutando por uma educação pública de qualidade e estamos conversando, esclarecendo e priorizando o diálogo aberto. E é por isso que nós vamos abominar essa violência contra os estudantes e a educação”.
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