Ocupação de mais de 15 horas garante avanços para trabalhadores/as rurais

CUT CE > LISTAR NOTÍCIAS > DESTAQUES > OCUPAÇÃO DE MAIS DE 15 HORAS GARANTE AVANÇOS PARA TRABALHADORES/AS RURAIS

24/11/2015

Com apoio da CUT-CE e movimentos sociais, manifestantes de todas as regiões do Estado permaneceram acampados no Palácio da Abolição, em Fortaleza, no dia 23/11. Governo prometeu liberar R$ 2,5 milhões

Escrito por: Raquel Chaves/CUT-CE (*)

Trabalhadores(as) rurais chegaram às 4 horas da manhã no Palácio da Abolição, em Fortaleza, e só deixaram o local após reunião com governador Camilo Santana

Agricultores e agricultoras familiares de várias regiões do Ceará permaneceram acampados, por mais de 15 horas, durante esta segunda-feira (23/11), nos jardins do Palácio da Abolição, sede do Governo do Ceará, em Fortaleza. Cerca de 450 trabalhadores participaram do protesto. Na pauta de reivindicações, entre outros pontos, estava a exigência de mais poços profundos e ampliação de cisternas. Pouco mais das 22 horas, foi encerrada a reunião com a comissão de negociação, da qual fez parte a CUT-CE, que apoiou e manifestação e acompanhou todo o processo.

Segundo a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Ceará (Fetraece), a cobrança junto ao Governo do Estado era o atendimento de reivindicações que já haviam sido acordadas desde o início do ano e que, até a data da ocupação, ainda não haviam sido encaminhadas. Durante reunião com a comissão, que teve início só à noite, o governador Camilo Santana comprometeu-se a liberar R$ 2,5 milhões para a construção de poços profundos. Segundo o Governo, a própria Fetraece será responsável pela construção de 100 novos poços em comunidades rurais assistidas. Outros 25, que precisam ter a instalação concluída, serão finalizados pelo Governo até dezembro, anunciou Camilo.

Secretário de Finanças da Fetraece, Raimundo Martins, foi atingido nos olhos por spray de pimenta, atirado pela Polícia, durante o período da manhã, na ocupação

O governador comprometeu-se, ainda, a agilizar processos de regularização fundiária e buscar reforços junto ao Governo Federal, especialmente em programas como o Água Para Todos, São José, de cisternas de placa e reuso de primeira e segunda água. As conquistadas foram anunciadas após promessa de acampamento por período indeterminado, comandado pela Fetraece, com apoio da CUT, entidades filiadas e diversos movimentos sociais.

Por volta das 15 horas desta segunda-feira (23/11), o governador Camilo Santana desceu aos jardins para ouvir o presidente da Fetraece, Luiz Carlos Ribeiro, que estava à frente da ocupação pacífica

“Lamentamos apenas que tenha havido excessos por parte da polícia, quando nos foi negado até o direito de usar os banheiros. Vivemos um momento em que a polícia precisa nos dar segurança, e não jogar spray de pimenta na cara da classe trabalhadora. Nosso movimento é pacífico”, reforçou o presidente da Federação, Luiz Carlos Ribeiro, diante do próprio governador, por volta das 15 horas, quando este desceu junto aos manifestantes, para anunciar que haveria a reunião com a comissão de negociação. O dirigente referia-se aos episódios ocorridos no período da manhã, mas que não voltaram a se repetir.

Direção Executiva da CUT-CE esteve presente durante toda a mobilização e negociação entre Governo e manifestantes

Apoio da CUT e movimentos sociais

“Essa pauta é de todos nós que fazemos a classe trabalhadora. E é de todo o Estado do Ceará. E só sairemos daqui quando essas reivindicações forem atendidas. Se for o caso, vamos trazer mais gente para cá”, anunciou, durante a tarde, Helder Nogueira, da Direção Executiva da CUT-CE. Ao longo de todo o dia e à noite, vários diretores da Central prestaram apoio direto aos manifestantes, incluindo o presidente da CUT-CE, Wil Pereira.

A “importância da unidade entre os trabalhadores do campo e da cidade” também foi destacada por Eliane Almeida, integrante do Movimentos dos Trabalhadores(as) Urbanos(as) Organizados, que esteve no local durante parte da noite. Os manifestantes retiraram-se da sede do governo estadual, seguindo para suas zonas rurais em ônibus cedidos pelo Governo do Estado e pela Fetraece.