quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Jornada da Resistência encerra com defesa da união dos trabalhadores para enfrentar os retrocessos


Foto: Marcos Adegas/Fetamce
A terceira e última rodada de debates gerais da Jornada da Resistência, realizada na manhã desta quarta-feira, 30, colocou em discussão quais serão os próximos passos e estratégias a serem dados pela classe trabalhadora para enfrentar a avalanche de retrocessos que acontecem neste momento no país.
 
O economista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Fábio Sobral, criticou fortemente as medidas de austeridade implantadas pelo governo golpista de Michel Temer. Ele avalia que propostas como a PEC 241/55 - aprovada em primeiro turno no Senado na madrugada desta quarta-feira (30) - são uma grande farsa apresentada à sociedade, que esconde os interesses das elites de governar para poucos, mesmo que isso signifique a estagnação da economia.
 
“A PEC 241 é prejudicial. Além dos que serão afetados diretamente pela queda dos investimentos em educação, saúde e incentivo à produção agrícola familiar, há também os que serão afetados indiretamente. É um mecanismo criminoso de amordaçamento da ação do Estado no desenvolvimento econômico”, ressalta Fábio.
 
Para o professor, o governo mobiliza uma ofensiva conservadora de retirada de direitos sociais. “Somos nós que vamos resistir a esse pessoal que tem saudade da senzala, da colônia. É preciso resistir antes, pois, se não, vamos lamentar muito mais adiante”, enfatizou Fábio.
 
Por sua vez, Newton Albuquerque, Doutor em Direito e também professor da UFC, disse que vivemos neste momento um estado de exceção. “Os direitos civis sempre foram violados na periferia. Todos os setores não privilegiados, das periferias, já sabem o que estamos falando. Só que isso agora se aprofunda. Isso ganha um perfil mais explícito. Além disso, vivemos hoje uma situação de profundo reacionarismo. Pessoas não se envergonham mais de dizer e defender os preconceitos. Vivemos numa época em que os burros perderam o medo de dizer o que pensam”, destacou.
 
Newton reforçou que a elite brasileira tem um elemento escravocrata fortíssimo. Ele entende que é explícito o ódio de classe, a ponto de muitos rejeitarem o fato do pobre ou pessoa da classe média, acessar os bens e consumos que só os mais ricos acessavam no passado, como viajar de avião. O professor também salientou que “é necessário que, neste momento, tenhamos uma unidade contra o golpe que está em curso (…) Se não houver um processo de baixo pra cima dos movimentos sociais, um mínimo de unidade contra um inimigo poderosíssimo, se não tivermos essa consciência, eles vão nos esmagar e estão fazendo. Todos os dias temos direitos ameaçados”, discursou.
 
A conferência final confirmou que cabe aos trabalhadores a capacidade resistir aos golpes - na democracia e nos direitos. “Temos dois projetos: não há mais como conciliarmos, não há acordo com a burguesia, eles querem nos destruir para avançar os privilégios, ou lutamos e montamos novos métodos de mobilização, ou eles conseguirão destruir os projetos voltados para o povo”, definou 

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