Por *Diógenes B. de Freitas.
O sindicalismo tem sua origem com a crescente industrialização na Europa verificada a partir do século XVIII, quando se consolidou as duas principais classes no capitalismo (burguesia e proletariado), evidenciando a partir desse momento o antagonismo nos interesses entre elas.
Com a industrialização, o sistema fabril muda o cenário das cidades europeias, os operários, submetidos às longas jornadas de trabalho, chegando a 16 horas diárias; a precarização das condições sociais e de moradia; a substituição de parte considerável da mão-de-obra pela maquinaria levou a uma primeira impressão de que era a máquina a responsável pela sua situação.
Em maior ou menor grau, os países daquele continente apresentavam já, um avanço na exploração capitalista do trabalho, e, é na Inglaterra que aparecem as primeiras experiências de organização dos trabalhadores contra tal exploração na primeira e segunda década do século XIX.
O LUDISMO, a primeira forma de resistência, consistia na quebra de máquinas por grupos de trabalhadores. O nome desse movimento fazia referência a Ned Ludd Michel que foi um trabalhador têxtil do condado inglês de Leicesteshire. Ele destruiu uma máquina de tricotar meias na fábrica onde trabalhava. A partir de então, tornou-se referência para outros trabalhadores. Seus seguidores começaram uma rebelião contra as máquinas, pois estas substituíam pessoas nas tecelagens inglesas.
De muita importância na organização do operariado inglês, as trade-unions se constituíram como organização no que viriam a ser os sindicatos atuais. A lei do parlamento inglês de 1824 que permitia o direito a livre associação possibilitou o avanço dessas organizações, e estas, passaram a fazer as negociações para o conjunto dos trabalhadores, evitando assim que o capitalista exercesse pressão individual sobre cada trabalhador. Passaram também a fixar os salários para toda a categoria e a regulamentá-los em função do lucro. Com avanço da organização operária, foram criadas caixas de ajuda para os momentos de dificuldades, a união das várias categorias de uma região em uma federação, em contrapartida os patrões passaram então, a exigir a não filiação dos trabalhadores a essas organizações como pré-condição para as contratações.
Também importante no avanço da luta dos trabalhadores na Inglaterra, foi o movimento que ficou conhecido como CARTISMO que consistia em uma carta endereçada ao Parlamento Inglês com as seguintes reivindicações: sufrágio universal masculino, voto secreto, eleições anuais, participação de representantes dos trabalhadores no parlamento, bem como a remuneração destes para que pudessem se manter durante o mandato.
As AIT (Associações Internacionais do Trabalho)
Com o avanço do capitalismo na Europa e outros lugares do mundo, eclodiram as greves em vários cantos, deixando cada vez mais claro que a situação de exploração dos trabalhadores pelos capitalistas era comum a todos eles no mundo.
Já desde 1848, Marx e Engels no Manifesto Comunista chamava-os a unir-se frente ao inimigo comum, surgia a nesse contexto as ideias do socialismo científico, que iria instrumentalizar a luta mais ampla que o mero economicismo, a luta política para a derrubada da ordem vigente e a construção de um mundo socialista. Nesse sentido Marx abre o célebre Manifesto com a frase -“Um fantasma ronda a Europa o fantasma do comunismo”, e o encerra com – “Trabalhadores de todo o mundo uni-vos”.
A Primeira Internacional foi instalada em 1864 e teve como centro, os debates entre Marx e Bakunin. Marx defendendo o Socialismo Científico e Bakunin as ideias anarquistas, rechaçando a necessidade de um Estado organizado, vendo no sindicato o instrumento capaz de organizar pequenas células produtoras autossuficientes. Durante a vigência dessa Primeira Internacional, ocorreu a Comuna de Paris (1871) que durou três meses. Os operários revoltaram-se contra o governo de Napoleão III e tomaram a cidade, instalando um governo popular. Esse fato marcante contribuiu para que ano de 1872 os representantes da Primeira Internacional reunidos na cidade de Haia, aprovassem a ideia de que a conquista do poder politico deveria ser um dever dos trabalhadores, o que então, desencadeou a revolta dos anarquistas que optaram pelo confronto direto. A primeira Internacional encerrou seus trabalhos em 1876.
A segunda Internacional foi instalada em 1889 durando até 1914, esta, adotou a greve como estratégia de luta. O evento mais importante ocorrido naquele período foi o massacre dos trabalhadores de Chicago em 1886, em referência a esse fato, a Segunda Internacional fixou o 1º de maio como dia internacional dos trabalhadores exigindo a jornada de trabalho de 8 horas. Com o inicio da Primeira Guerra, e, devido a divergências entre suas lideranças sobre apoio ou não a seus países na guerra ela encerrou os seus trabalhos.
Após a revolução de 1917, foi instalada a Terceira Internacional, que ficou conhecida como Internacional Comunista.
Com a subida de Stálin ao poder, após a morte de Lenin em 1924 e a expulsão de Trotsky, foi fundada por este último a Quarta Internacional no ano de 1938 no México.
As várias concepções do sindicalismo
Anarquista, reformista, cristão, corporativista e comunista.
Ao longo da sua breve história, o sindicalismo conviveu com várias concepções em diferentes lugares do mundo. De maneira geral girava em torno da luta política para avançar para além do campo econômico, ou o reformismo do próprio sistema capitalista de maneira consciente ou não do papel desempenhado.
O sindicalismo revolucionário
Tendo a França e a Itália os locais de seu aparecimento. Por serem países, onde a classe a operária ainda não se encontrava tão concentrada, e um altíssimo grau de exploração surgiu à ideia de que a sociedade capitalista seria superada através da greve geral, portanto da ação direta e violenta colocando em conflito as distintas classes. Acreditavam seus proponentes, que a maioria numérica dos trabalhadores, levaria à sua vitória, mas, não levavam em consideração, entretanto, que os governos usariam das forças militares para conter as massas mobilizadas.
O Anarquismo
Da mesma maneira que o sindicalismo revolucionário, os anarquistas também negavam a luta politica e viam no sindicato a verdadeira arma de guerra. Enfatizavam ainda a importância na organização da sociedade anarquista em núcleos de autogestão, pregavam a supressão do Estado antes mesmo da supressão dos seus pilares como a propriedade privada.
Reformista
Uma variante do Trade-Unionismo que tem sua maior expressão no sindicalismo estadunidense, denominado de reformismo, nega a participação revolucionária do proletariado, busca reivindicações para a melhora da situação dos trabalhadores dentro do sistema capitalista. O reformismo marca a sua atuação no terreno estritamente economicista, buscando ajustar o capitalismo às necessidades dos trabalhadores.
Sindicalismo cristão
Também não afirmando a necessidade de substituição do modo de produção vigente, ou não rompendo com o viés reformista, encontramos o sindicalismo cristão, com origem na encíclica Rerum Novarum de 1891 de Leão XIII, essa corrente reconhece a legitimidade de organização sindical, propõe uma ampla colaboração social, desde que isto não implique na superação do capitalismo e da propriedade privada.
Corrente corporativista
O corporativismo foi instituído na Itália após a perseguição, repressão e eliminação das lideranças do movimento operário antifascista, desencadeado por Mussolini e uma intensa manipulação das massas.
No ano de 1927 ele decretou a Carta Del Lavoro, que organizou os sindicatos italianos nos moldes corporativistas que se tornaram totalmente subordinadas e dependentes do Estado. As corporações desempenhavam a politica de paz social e de conciliação de classes. Nitidamente promovia a acumulação capitalista através de um alto grau de exploração da classe operária. Nas corporações participaram representante de patrões e empregados, não era admitidas organizações por categoria, o que poderia promover a luta entre as classes.
Concepção comunista
A concepção comunista de sindicalismo aponta para a superação do trade-unionismo de um luta meramente economicista, nesse sentido os comunistas devem participar intensamente dos sindicatos e aproveitar dos momentos de consciência política desencadeada na luta econômica, fazendo-a ser elevada a uma consciência revolucionária contra o capitalismo buscando sua derrubada.
História do sindicalismo no Brasil
A história do sindicalismo no Brasil está ligada às transformações econômicas que aos poucos mudava o eixo de uma economia agrário-exportadora cafeeira para um centro urbano e industrial, a partir dos últimos anos do século XIX e, ao propiciar um nascente mercado interno.
Os registros dão conta de que as primeiras formas de organização foram às sociedades de auxilio mutuo e de socorro, logo em seguida surgem as Uniões Operárias, que passaram a se organizar por ramos de atividade.
O ano de 1858 assiste a primeira greve, a dos tipógrafos do Rio de Janeiro. Estes se rebelaram contra as injustiças patronais reivindicando melhorias salariais. Tendo sido vitoriosa, inaugurou-se a partir de então, as greves que se expandiram para as demais categorias.
Com as greves, começa a se aprimorar as formas de organizações da nascente classe operária naquele período, no ano de 1892 realizou-se o I Congresso Socialista Brasileiro, que tinha como objetivo a formação de um Partido Socialista, pois as ideias de Marx e Engels já se fazia presente por aqui. É nesse contexto que surgem os primeiros sindicatos, buscando conquistar os direitos fundamentais do trabalho.
Nas inúmeras manifestações grevistas estavam presentes as reivindicações por melhorias salariais e a redução da jornada de trabalho. Data de 1906 o primeiro congresso operário que desembocou na criação da Confederação Operária Brasileira (COB), onde participaram duas tendências distintas do movimento operário, a anarco-sindicalista, negando a importância da luta politica e a criação de um partido politico, e pregando a ação direta dentro das fábricas, via no sindicato o modelo ideal para criação da sociedade anarquista e, a outra tendência, a socialista reformista visando à criação de um partido da classe operária e utilizava-se da luta parlamentar para aos poucos reformar o sistema capitalista.
O governo entra na Disputa pelo controle do movimento sindical em 1912 quando foi realizado o congresso operário que teve como presidente honorário Hermes da Fonseca, então, presidente da república. O governo buscava implantar lideranças governistas nas organizações sindicais, que mesmo dirigindo categorias combativas não iam além das reivindicações imediatas sempre conciliando com o Estado sem abalá-lo, por esse motivo, foram denominados de sindicalistas amarelo. Por outro lado os anarquistas com uma forte presença na luta operária do inicio do século, impulsionando as várias greves como a de 1917, que rapidamente passou de uma greve localizada de 2000 trabalhadores indo a 45000 e se espalhando por todo estado de São Paulo, transformando a capital paulista num verdadeiro teatro de guerra, sendo violentamente reprimida. Mas os anarquistas, também devido a suas limitações, não conseguiram avançar para além de conquistas imediatas, pois negavam a necessidade de controle do Estado, o que os faziam presa fácil da repressão.
As limitações teóricas, ideológicas e politicas dos anarquistas e a influência da revolução Russa em 1917, levaram alguns anarquistas a fundar em 1922 o Partido Comunista Brasileiro PCB com o objetivo de organizar a revolução comunista no Brasil.
Getúlio Vargas no poder
A ascensão de Getúlio Vargas ao poder (1930), representou um novo momento para o sindicalismo brasileiro. A decadência do setor agrário exportador cafeeiro bem como a substituição deste setor no poder, demonstrava que já havia uma dinâmica industrial onde se opunha naturalmente capital e trabalho. O aumento das lutas operárias e mesmo o contexto mundial com regimes totalitário marcou a busca de controle dos sindicatos por parte do governo, buscando impor um aparelhamento estatal dos sindicatos. É assim, e, com esse intuito que é criado o Ministério do Trabalho e uma série de normas disciplinadoras como no decreto 19.770 de 1931 que: estabelecia o controle financeiro pelo ministério do trabalho sobre os recursos dos sindicatos, proibindo a utilização destes durante as greves, determinava a participação de delegados do Ministério nas assembleias, proibia o desenvolvimento de atividades politicas e ideológicas dentro dos sindicatos, vetava a filiação a organizações sindicais internacionais, limitava a sindicalização de operários estrangeiros e negava a sindicalização de funcionários públicos. Ainda no período Vargas irá surgir à súmula que estabeleceu o sindicato único por categoria. De todas as medidas acima esta última, foi considerada a única que de fato representou alguma vantagem à classe trabalhadora brasileira.
Buscava o governo com todas estas medidas, tornar os sindicatos instrumentos de colaboração de classes, evidentemente coagindo e reprimindo violentamente os opositores. Mas, como é característico da luta operária, nem todos se curvaram, e continuaram as mobilizações e com elas as conquistas.
Junto com as lutas sindicais, crescia as mobilizações de massa. Em março de 1935 o PCB, funda a ANL (Aliança Nacional Libertadora), frente popular anti-imperialista que atinge em pouco tempo 400 mil membros. Cinco dias após a fundação, o governo, em 4 de abril de 1935, decreta a Lei de Segurança Nacional dando inicio a repressão, alguns meses depois decreta a ilegalidade da ANL. Com isso, não podendo mais atuar na legalidade os aliancistas optam pelo levante armado, que sem o apoio popular abriu as portas para o acirramento da repressão com as lideranças sindicais sendo deportadas, presas ou mortas. Nesse momento o movimento sindical assistiu a sua maior derrota, o que abriu as portas para as associações amarelas que já existiam há décadas aumentarem sua presença, o que paulatinamente foi constituindo a estrutura sindical brasileira subordinada ao Estado. Na década seguinte é criado o imposto sindical (1940) e a CLT (1943) esta última inspirada na “Carta Del Lavoro” de Mussolini.
Os anos de 1940 vê ressurgimento das lutas sindicais brasileiras. Atuando em duas frentes, na questão internacional, a luta contra o nazi-fascismo, e no plano interno, na busca pela desconstrução da estrutura sindical montada por Vargas anteriormente. Iniciou-se a substituição de lideranças pelegas, em 1945 foi criado o Movimento Unificado dos Trabalhadores (MUT), organismo de caráter intersindical que iria lutar pela total liberdade sindical. Vargas cedia pouco a pouco, permitindo a volta dos trabalhadores ao sindicato, fazendo letra morta dos dispositivos criados para conter o avanço dos operários, o que amedrontava o setor mais reacionário levando-o a renúncia em 1945.
No último governo de Vargas o movimento sindical atingiu grande dimensão, com organização de comissões de fábricas. Não foram poucos os movimentos e manifestações nesse período, contra o imperialismo; por liberdades sindicais; contra o acordo militar Brasil-EUA, e por fim, culminando com a criação da Petrobrás.
O avanço das lutas sindicais atingiu seu ápice nos anos 1960 com imensas manifestações grevistas e a realização do III Congresso Sindical Nacional, onde foi criado o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT). O CGT foi especialmente durante o governo Goulart, a expressão mais significativa do movimento sindical brasileiro, se posicionando pela posse do governante e também no plebiscito e as reformas de base, assim como, outros pontos da vida nacional.
No campo, as lutas também se intensificavam com a criação das ligas camponesas, ainda anterior a esse período em 1955, e pouco a pouco floresceram os sindicatos rurais, lutando para garantir os direitos mínimos para os trabalhadores do campo.
O Golpe militar de março de 1964
O período de 1945 a 1964 houve avanços nas lutas dos trabalhadores, ainda que, mantendo a legislação corporativista intacta, esse avanço e a proximidade com o governo de João Goulart levaram ao desfecho do golpe militar em 31 de março de 1964, a repressão desencadeada foi violenta, levando ao aniquilamento posteriormente das lideranças sindicais, sendo resgatada toda a legislação anterior sob o pretexto de estabelecer a paz social. Foi implantado a politica de arrocho salarial e, em cima desses pontos iniciou-se o “milagre brasileiro”.
Nesse período merece destaque a luta contra o arrocho materializada nas greves de Contagem e Osasco. A direção do sindicato dos metalúrgicos de Osasco iniciou a greve em 16 de julho de 1968 com a ocupação da Cobrasma, que rapidamente se espalha para outras fábricas, no dia seguinte o Ministério do Trabalho decreta a ilegalidade da greve determinando a intervenção no sindicato, a cidade é cercada pelas forças armadas, no quarto dia, os trabalhadores sem alternativa de enfrentamento, voltaram ao trabalho. Em Contagem outra greve também não conseguiu ir além de quatro dias devido a questões internas e a atuação do governo militar na mesma forma de Osasco.
Retomada das lutas
A retomada das lutas sindicais se deu em 1978 com a greve na Escânia.
Numa sexta-feira, 12 de maio de 1978, às 7 horas os trabalhadores entram na fábrica, no entanto, não ligam as máquinas, permanecem de braços cruzados surpreendendo os patrões. A partir da ESCANIA as greves se espalham para as outras montadoras. O ponto de partida para as greves foi o movimento pela reposição dos 31% – O governo vinha mascarando os índices de inflação a anos e causando enormes perdas salariais, em fins de 1977 o Banco mundial denunciou a manobra, preparando o caminho para o retorno dos movimentos grevistas carreado pelos metalúrgicos da região do ABC. Mas não só os metalúrgicos, outras categorias como os professores de São Paulo também entraram em greve nesse período. Em fins de 78 registraram-se manifestações em Osasco, Guarulhos e São Paulo. Em março de 1979 as greves voltaram com toda foça, no entanto, o governo decretou intervenção nos três sindicatos do ABC, seguiram–se manifestações pela volta dos diretores cassados, realizaram-se assembleias com números impressionantes de pessoas no estádio da Vila Euclides.
A partir dessas jornadas de lutas que teve inicio em 1977, o movimento operário se inseriu no cenário Politico, econômico e social do país criando na sequência o Partido dos Trabalhadores, a Central Única dos Trabalhadores, promovendo varias greves gerais na década de 1980, participando de movimentos políticos como as “Eleições Diretas Já”.
O PT (Partido dos trabalhadores)
O PT foi fundado em 10 de fevereiro de 1980, agrupando vários seguimentos como intelectuais, religiosos da Teologia da Libertação, operários, agrupamentos trotskistas. Esse partido nascia da necessidade de atuação no cenário politico sem a tradição stalinista de setores da esquerda tradicional como Joaquinzão e Luís Antônio de Medeiros da CGT (Comando Geral dos Trabalhadores, que se tornaria mais tarde Central Geral dos Trabalhadores). Aos poucos, o PT foi abandonado sua concepção original de organização pela base através dos núcleos, e se fechando numa direção burocratizada, ao mesmo tempo (inicio da década de 1990) em que expulsava correntes mais a esquerda, como a Convergência socialista, Causa Operária, e, durante seus vários congressos, essa direção foi aprovando o abandono das bandeiras históricas da classe, como a redução da jornada de trabalho, estatização do sistema bancário, reforma agrária, não pagamento da divida externa. Ao longo dos seus anos de existência paulatinamente o PT passou também a privilegiar a agenda eleitoral disputando varias vezes a presidência da republica e vários outros cargos eletivos, em detrimento da disputa pelo poder através da organização da classe trabalhadora, até por fim, se credenciar como de confiança ao grande capital após a viagem de Luiz Inácio a Washington, que na volta, lê a carta ao povo brasileiro, se comprometendo a honrar os contratos, e então, chega ao governo central no ano de 2002 sem oferecer nenhum perigo aos esteios do sistema vigente e da classe dominante.
A CUT (Central Única dos Trabalhadores)
A CUT fundada no dia 28 de agosto de 1983, na esteira das mobilizações grevistas do final da década de 1970 e, tentando superar o corporativismo e as lideranças pelegas atreladas ao Estado, esteve à frente das lutas dos trabalhadores durante os anos 80, liderando greves gerais como a de 1989, que acabou resultando na condenação da então prefeita Luiza Erundina em 350 mil reais, por prestar apoio ao movimento grevista. Mas, ao longo da década de 1990, mais precisamente a segunda metade, as greves passam a ser localizada por categorias sem as grandes mobilizações verificadas na década anterior, a luta pela redução da jornada de trabalho ficou somente no discurso, permitindo milhares de demissões com a reorganização produtiva ocorrida nesse período. Houve ainda no inicio dessa década o advento das câmaras setoriais, no ano de 1992, numa sexta-feira 13, Mario Amato, presidente da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) é recebido numa recepção no sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo e Diadema.
Após o ano de 2002, com a chegada de Luiz Inácio a presidência, a central originalmente criada para empreender a luta pelo interesse da classe operária brasileira, passou a representar o papel de um verdadeiro departamento do governo para assuntos do trabalho, empreendendo o imobilismo, pondo freio às lutas, desenvolvendo a politica de conciliação entre as classes, por esse motivo passou ser denominada por grande parte dos sindicalistas de central chapa branca, por não ameaçar o governo num primeiro momento, e por consequência o próprio capital.
Construção de novos instrumentos com independência do governo
No ano de 2004 começa a surgir experiências de construção de novos instrumentos que representem os trabalhadores brasileiros com independência em relação ao governo, é o caso da Assembleia popular, Intersindical e Conlutas, ao mesmo tempo em que o governo colocava em pauta a Reforma Sindical, que apontava para o reconhecimento legal das centrais sindicais, bem como o esvaziamento das liberdades e do poder dos sindicatos na base. Diante desse quadro em março de 2004 houve um encontro em Luziânia que desencadeou o processo de criação da CONLUTAS capitaneado pelo PSTU. Manifestando-se inicialmente contra a reforma sindical, não tardou a pedir o seu reconhecimento legal como central sindical a fim de obter recursos federais como o do imposto sindical. O próprio processo de formação ocorrido no afogadilho sem discussão prévia com os amplos segmentos do operariado deixou nos demais agrupamentos a desconfiança nos rumos dessa central. Não obstante a esse fato, houve ao longo dos últimos anos, o crescimento da organização dos trabalhadores dos setores mais combativos e a tentativa de unificação em uma só entidade, ocorrendo no ano de 2009 vários seminários nesse sentido, culminando no CONCLAT em junho de 2010, na cidade de Santos, para a fundação de uma central unificada, o que não ocorreu com várias correntes sindicais presentes se retirando do congresso devido à intransigência e imposição dos vários pontos pelo PSTU, sobretudo, o nome da nova entidade.
*Diógenes Batista de Freitas é formado em Ciências Sociais pela fundação Santo André, professor história das redes estadual e municipal de São Paulo e conselheiro estadual da Apeoesp – Sindicato estadual dos professores do ensino oficial do estado de São Paulo.https://diogenesdefreitas.
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